domingo, 15 de fevereiro de 2009

Meu mundo

Este é o abrigo que me faz sonhar ... faz-me querer sorrir ... faz-me pensar que o tremulo sorriso de uma criança, ainda vive dentro de mim ... e eu fico aqui, embalado, como um menino que vive o mundo na ingenuidade da luz e longe do silêncio da escuridão ...
Aqui ... no meu cantinho ... procuro por mim ... e encontro-me ... perdido por entre os bosques que amanhecem, onde ainda se sente o cheiro da noite e uma gota escorrega por entre os folhas ainda dormentes, fazendo brotar em mim uma eterna liberdade ... viajo então ... seguindo o rasto do odor a felicidade, que me invade e me inunda o coração ... é lindo viver assim ...


Aqui ... no meu cantinho ... vejo a luz brilhar nos olhos de um menino ... vejo o luar escondido nos olhos incrédulos de quem ontem quis chorar ... vejo o meu barco navegar por um mar calmo e tranquilo ... e ao longe ... avista-se o horizonte ... que é aquilo que eu quiser ... aquilo que o meu coração sentir …

Aqui ... no meu cantinho ... sozinho ... na solidão de um sonho ... olho para mim e sinto quem sou ... sinto que afinal a paz do luar, a cor do mar, o sabor do céu, o cheiro das estrelas ... tudo isso que todos amam mas ninguém sente ... também é meu ... e eu sorriu ... nada é mais bonito que sentir ... sentir que temos o nosso mundo ... que temos um refugio para nos esconder ... quando nos lembramos de nós. ...


Aqui ... no meu cantinho ... a razão e o coração encontram-se ... falam de mim ... e eu fico aqui ... espiando ... espreitando as suas confidencias ... tentando entender os meus medos , as minhas fragilidades ...


Aqui ... no meu cantinho ... também sonho ... e quando sonho ... sinto que o tempo pára ... sinto que estás mais próxima de mim ... mais perto de ti ... mais perto do sol, que rasga a turbulência do mar e reflecte no céu a paz de um mundo que também é teu ... fechas os olhos, olhas para ti e vês ... ouves o chilrear de um passarinho que te anuncia o inicio da tua primavera ... tu sorris ... e eu vibro ... o mundo enche-se de esperança, despe-se do fogo, desamarra a corrente de um rio e no reflexo do sol, sentes que a liberdade de um sonho se acende e se enche de realidade ...


Aqui ... no meu cantinho ... no abrigo onde moro eu e o meu menino ... aprendo a sorrir quando o dia anoitece, o sol se apaga, o mar seca, as estrelas deixam de brilhar e o luar deixa de ser meu ... aqui o tempo perpassa por mim e espera que a minha paz se imortalize ...

Aqui ... no meu cantinho ... sinto o mundo exíguo perante a grandiosidade do meu esconderijo ... sinto que os estímulos lá fora, são simples pedaços de sentidos desencontrados, que o tempo se esqueceu de juntar ... sinto que lá fora os passos são o fruto das pegadas do passado que o presente insiste em escrever no futuro ... e eu estou aqui, a saborear sentimentos, sem que o tempo verbal me condicione e prenda a minha liberdade ...


Aqui ... no meu cantinho ... sou terra, sou mar , sou pequenino ... sou um abraço, um beijo do passado que veio para te amar ... sou um olhar que me acena e me diz para te beijar ... sou a flor que dança ao som do vento , que se refresca na agua da chuva e respira o azul do céu ... sou o canto de um passado que veio de longe para te ver ... sou a voz do presente que nasceu para te ouvir ... sou a esperança incerta do futuro que te espera ... sou a luz de um mundo que caminha para mim e procura por ti ... e continua sempre à minha espera ...


Aqui ... no meu cantinho ... és fogo , és água , és um beijinho ... és a flor que desabrochou, és o passado que ficou, o presente que me olhou, o futuro que quer sorrir ... és um pedaço de mim que me acaricia ... és o vento quente que me aquece e me faz sorrir ... és o beijo que a razão roubou ao coração e os tornou inseparáveis ... és aquilo que não existe mas que pinta a cor do mar ... és a saudade de um mundo que nunca tive ...


Aqui ... no meu cantinho ... nós ... eu e tu ... somos um sentimento infinito, onde as palavras não têm lugar ... somos a chama de um sonho que ainda está por sonhar ... o avesso de tudo, o contrário de nada, o inverso de um mundo ... somos os passos parados de quem precisa correr ... a poesia da noite, que nos veio adormecer ... somos um gesto perdido, que o horizonte quer abraçar ... um atalho da vida, que o destino escolheu para nos poupar ...... somos o tempo que pára e nos diz para sonhar ...


Aqui ... no meu cantinho ... onde tu és linda e eu sou pequenino ... revejo-me no meu menino ... vagueio pelo rasto da maré e espero que o mar caminhe para mim e te encontre pelo caminho ...

1 comentário:

CCP disse...

aqui.. no meu cantinho... observo as tuas tuas reticências... sinto as tuas palavras... e imagino os teus sentimentos... impotente porém, de te encaminhar... contudo, deixo-me eu também de reticências e, agradeço que as marés (obrigado Lisa!) nos tenham voltado a reencontrar, para de novo caminhar juntos para mais um passeio... (eu sei!, de novo as reticências, mas às vezes tem que ser, afinal o que é, é!)